1)  Empunhadura ou Grip

Obviamente, a primeira dica diz respeito à empunhadura, ou seja,  como segurar a raquete para sacar. A empunhadura mais utilizada entre os tenistas profissionais é a continental (FOTO 1). Esta é a empunhadura mais versátil, onde o tenista consegue sacar com os três possíveis efeitos: flat (ou chapado), slice (ou cortado) e kick (ou topspin serve). Alguns tenistas profissionais utilizam a empunhadura eastern backhand (FOTO 2) para o segundo saque. Esta empunhadura facilita o efeito slice e kick, onde a bola gira mais e assim “encaixa” melhor na área de saque. Com esta estratégia, o sacador não precisa desacelerar muito o movimento do segundo saque. Um terceiro tipo de empunhadura é a eastern forehand (FOTO 3), bastante utilizada entre tenistas iniciantes, que ainda não se adaptaram à continental. É uma empunhadura que facilita apenas o saque flat. Procure, portanto,  adaptar-se à empunhadura continental.

2)  Afastamento entre os Pés

Recomendo que o tenista inicie o saque com os pés afastados, aproximadamente à mesma distância entre os ombros (FOTO 4). A maioria dos tenistas profissionais iniciam o saque com este afastamento. As famosas exceções são Andy Roddick e Gael Monfils, que iniciam o saque com os pés juntos.

Esta distância entre os pés é muito importante para que o tenista consiga executar um adequado “balanço” na fase inicial do saque. O “balanço” consiste em iniciar o saque com o peso concentrado no pé da frente, transferi-lo para o pé de trás e então novamente para frente.

Um adequado afastamento entre os pés permitirá a utilização de uma das principais fontes de potência do saque: o Momento Linear. Isso aumentará a possibilidade do tenista aplicar força para frente, projetando o corpo para dentro da quadra.

3)  Lançamento da Bola (toss)

Este é um importante componente do saque. O sucesso de um excelente saque depende do lançamento da bola no ponto ideal. Em todos os outros golpes do tênis você deve se posicionar antes de golpear a bola. Aproveite então o saque, lançando a bola corretamente. E lembre-se: a regra lhe permite abortar o saque se lançar a bola errada.

As dicas básicas para controlar o lançamento da bola: segurá-la com a ponta dos dedos, manter o punho travado e o cotovelo estendido (FOTO 5). Bola na palma da mão, punho e cotovelo flexionados tendem a lançar a bola para trás. Se isso ocorrer, sua chance de sacar com potência será drasticamente reduzida. Lance a bola para frente, para dentro da quadra. Assim você terá maiores chances de transferir energia para a bola. Repare como os profissionais sacam entrando na quadra!

Quanto à altura do toss, procure lançar a bola apenas um pouco acima do ponto de máximo alcance. Se você lançar a bola muito acima deste ponto, a potência de seu saque será prejudicada por dois motivos:

A) o ritmo do saque será quebrado, pois você terá que esperar a bola subir, parar e voltar até o ponto de máximo alcance; e

B) você terá que golpear a bola em sua fase descendente, ou seja, em movimento. A chance de errar este cálculo extra será maior. Se isso acontecer, importantes movimentos que geram potência, como a extensão do cotovelo, por exemplo, ficarão prejudicados.

4)  Distância entre a raquete e a bola na fase de Preparação (Backswing)

Esta é uma importante variável técnica que auxilia na geração da potência do saque. O sacador deve conduzir o braço dominante para trás, o mais distante possível da bola que foi lançada para frente (FOTO 6). Assim, a distância em que a raquete poderá ser acelerada até atingir a bola será grande. Um saque potente depende da velocidade instantânea com que as cordas da raquete atingem a bola. Quando esta distância é grande, a aceleração é facilitada.

5)  Ciclo de Flexão e Extensão dos Joelhos

Um bom saque necessita de uma boa base. Esta base está fundamentada nos movimentos gerados pelos membros inferiores do sacador, que o impulsiona para cima (força de reação do solo) e para frente (momento linear) durante o saque. Para que esta impulsão seja efetiva, os joelhos devem flexionar (movendo o corpo do sacador para baixo) e logo em seguida – para aproveitar a energia elástica dos músculos – estender (movendo o corpo do sacador para frente e para cima). A fase de extensão é responsável por colocar o sacador em fase aérea, permitindo realizar o contato em uma maior altura e assim facilitar a passagem da bola sobre a rede. Estudos mostram que o grau de flexão ideal dos joelhos deve ser próxima a 110 graus (FOTO 7).

6)  Técnica de Posicionamento dos Pés

Basicamente, existem duas possíveis técnicas de posicionamento dos pés: foot-back – técnica que consiste na manutenção da distância entre os pés durante a execução do saque (FOTO 8); e foot-up – técnica que consiste na aproximação entre os pés durante a execução do saque (FOTO 9). A técnica foot-back facilita o movimento de “balanço”, projetando o sacador com maior facilidade para frente (momento linear), sendo vantajosa portanto, para jogadores adeptos do estilo saque e voleio ou jogadores agressivos de fundo de quadra. A técnica foot-up facilita a impulsão vertical do sacador (força de reação do solo), indicada por exemplo, para jogadores de baixa estatura que necessitam aumentar o ângulo de passagem da bola sobre a rede.

Curiosidades:

A)   Entre os 10 melhores tenistas profissionais da atualidade, apenas três sacam com a técnica foot-back: Almagro, Djokovic e Federer;

Há cinco anos, Nadal utilizava a técnica foot-back, mudou então para a técnica foot-up.

7)  Movimento de “Laçada”

É o movimento que consiste na condução da cabeça da raquete para baixo, próximo às costas (FOTO 10). Também é conhecido na literatura como “back scratch position”. Este movimento tem a finalidade de ampliar a trajetória da cabeça da raquete e assim permitir que o tenista tenha maior distância para acelerar o movimento até o ponto de contato com a bola. Além da distância, o movimento de “laçada” exige uma perfeita sincronização temporal. A raquete não deve parar nas costas, deve apenas passar próximo às costas. Procure não deixar a  raquete parar nas costas. Se isso acontecer, o movimento entrará em inércia, e o sacador deverá gastar muita energia para colocar o sistema em movimento novamente.

8)  Contato

Esta é a fase mais importante do saque. Apesar de muito rápido (entre 4 e 10 milisegundos), é aqui que ocorre o contato entre as cordas da raquete e a bola. A potência, trajetória, efeito e demais variáveis do saque, dependerão deste breve intervalo de tempo.

Deixarei então quatro importante dicas para esta fase:

A)    Cotovelo estendido (FOTO 11) – Essa posição anatômica do cotovelo garante que toda a potência muscular gerada por esta articulação seja utilizada. Alem disso, ocorrerá uma maior altura de contato, garantindo maior chance para a bola passar sobre a rede;

B)     Fase Aérea  (FOTO 11) – No instante do contato, ambos os pés do sacador deverão estar fora do chão. Esta fase aérea auxilia na efetividade da utilização dos membros inferiores durante o saque;

C)    Mão não dominante na altura da cintura (FOTO 11) – Posicionar a mão não-dominante próximo à cintura, e consequentemente próximo ao centro de massa, é um eficiente mecanismo de controle do saque. Essa técnica é responsável por estabilizar o corpo do tenista, preparando-o para o contato e também para as rotações do tronco, na próxima fase;

D)   Olhos fixos na bola (FOTO 11) – Muitos tenistas amadores tiram os olhos da bola antes do contato, talvez devido à ansiedade em olhar para a área de saque e conferir se a bola foi dentro. Tente imitar grande parte dos tenistas profissionais, que mantêm os olhos no ponto de contato até que a bola saia das cordas da raquete. Isso manterá sua cabeça firme por mais tempo, o que auxiliará no controle do saque.

9) Aterrissagem

Após o contato com a bola, o bom sacador realiza a aterrissagem com todo o pé não-dominante dentro da quadra (pé esquerdo no caso dos destros) (FOTO 12). Esse posicionamento evidencia uma perfeita transferência de energia para frente, em direção ao seu alvo, e independe da técnica de posicionamento dos pés citada anteriormente. Ou seja, tanto tenistas adeptos da técnica foot-back quanto tenistas adeptos da técnica foot-up aterrissam com pé não-dominante dentro da quadra.

10)  Terminação

Uma importante dica para esta fase do saque, que quase sempre passa desapercebida, está relacionada ao movimento do braço não-dominante. O braço esquerdo (em tenistas destros) deve ser conduzido para a esquerda, com a finalidade de liberar a rotação do quadril, deixando o ombro dominante e demais estruturas do sistema passarem à frente, aumentando a transferência de energia (FOTO 12). Se isso ocorrer, ambos os braços trabalharão juntos, unindo forças. Caso ocorra o contrário, onde o tenista cruza os braços, haverá uma oposição de forças, e a potência do saque será prejudicada.

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