Você provavelmente já pensou em utilizar raquetes mais leves ou pelo menos conhece alguém que já aceitou a mudança de poder utilizar uma raquete mais leve, não? Não se sinta inferior se um dia pensou nisto, o tênis evolui a cada dia e temos que aceitar suas novas diretrizes, especialmente se queremos jogar cada dia melhor.
Antigamente, na maioria dos casos, o preconceito de utilizar uma raquete mais leve, vinha acompanhado das brincadeiras dos amigos tenistas onde quem utilizava uma raquete mais leve, indicava que não jogava com tanta potência, inclusive, algumas pessoas ousavam em avaliar o nível do jogador de tênis, pelo tipo e peso de sua raquete e hoje em dia com toda tecnologia que temos disponível no mercado, esta maneira de pensar está totalmente ultrapassada. Analisem comigo.
No que ajuda uma raquete mais pesada?
Em uma raquete mais pesada, sentimos uma estabilidade muito grande, principalmente naqueles voleios que necessitamos de muito reflexo, aquela jogada em que você sobe a rede e seu oponente faz de conta que tem um alvo no meio do seu peito e manda a bola com toda força que ele tem no meio do seu corpo, neste caso, é só colocar uma raquete mais pesada no ângulo certo e dar risada do seu oponente logo após o voleio firme e matador que você vai aplicar. Uma raquete mais pesada, é muito boa para neutralizar a velocidade da bola que está vindo contra sua raquete. O tênis não é um esporte estático como o golf, onde a bola está parada e VOCÊ imprime a força e velocidade que deseja sem maiores problemas de resistência contrária, no tênis, sempre que você rebate uma bolinha para o outro lado da quadra, é necessário neutralizar a velocidade do golpe de seu adversário, imprimindo sua velocidade, este é o ponto positivo e principal motivo que tenistas profissionais utilizam raquetes mais pesadas. Mas como toda ação tem uma reação, para se conseguir realizar TUDO o que um golpe de tênis exige em 0,004s (4 milésimos de segundo é o tempo de contato da bola de tenis com as cordas da raquete) é necessário uma explosão muscular muito grande, coisa que dificilmente um jogador recreativo tem.
Tempos atrás, o tênis não tinha a carga de efeitos topspin que se tem hoje e este golpe particularmente exige uma velocidade de cabeça da raquete maior do que um golpe chapado, por exemplo. Este é o vilão das raquetes pesadas, pois exige do tenista um grande preparo físico para a execução do golpe mais utilizado. Já passou pela sua cabeça quantas vezes você realiza este golpe em uma partida de tênis com duração de 1 hora e 30 minutos? São muitas não? Já pensou que é muito difícil realizar este golpe por várias vezes com a mesma intensidade? Sim é difícil manter um padrão por tão longo período de tempo e nós tenistas, nos esforçamos ao máximo para conseguir esta proeza, nos esforçamos tanto que as vezes passamos do limite que nossos corpos aguentam e aí abrimos caminho para obtermos uma lesão.
Analisando os parágrafos acima, podemos afirmar que NO TENIS MODERNO, VELOCIDADE DE CABEÇA DA RAQUETE É MUITO IMPORTANTE, Rafael Nadal que o diga. Quanto mais rápido movimentarmos a cabeça de nossa raquete, mais facilmente vamos conseguir um golpe mais perfeito (principalmente topspin, o mais utilizado pelos tenistas hoje em dia), pois a massa física que movimentamos a cada batida (neste caso o peso da raquete) é menor, possibilitando realizar tudo o que é necessário para que a bola gire mais naqueles 0,004s (quatro milésimos de segundos de ponto de contato), para que a bola tenha um RPM (rotação por minuto) maior. Quanto mais sua bola girar, mais topspin você terá e consequentemente a bola girando mais rápido no sentido de cima para baixo, o ar empurrará a bola para o solo, o que se traduz em CONTROLE DE BOLA, este não só pelo direcionamento de seu golpe, mas sim pelo efeito rotacional da bola. Se quanto mais sua bola gira, mais controle teremos, menos nossa bola sairá das quatro linhas da quadra de tênis.
Uma vantagem que podemos salientar é que normalmente um atleta que participa de torneios federados, normalmente em um único final de semana ele tem em média dois jogos por dia, já imaginou o estado de fadiga muscular deste tenista no domingo a tarde quando estiver jogando o terceiro set de sua tão sonhada final de torneio federado com uma raquete de peso maior do que o seu corpo suporta?
E as vantagens de uma raquete mais leve não param por ai, hoje em dia é comum encontrarmos raquetes com a cosmética parecida com a de nossos maiores ídolos em no mínimo três configurações de peso diferentes. Vamos pegar como exemplo a nova raquete tão esperada do ícone do tenis mundial, Roger Federer. Segundo a Wilson, a nova família de raquetes que levam a assinatura de Roger Federer são:
New Pro Staff RF 97Autograph | New Pro Staff 97 | New Pro Staff 97LS | New Pro Staff 95S | |
Cabeça | 97 Polegadas | 97 Polegadas | 97 Polegadas | 95 Polegadas |
Peso sem cordas | 340g | 315g | 290g | 313g |
Balanço/Equilibrio | 30,5cm / 12 pts HL | 31cm / 10 pts HL | 32,5cm / 6Pts HL | 31.0 cm / 10 pts HL |
Comprimento | 27.0 Pol / 68,58cm | 27.0 Pol / 68,58cm | 27.0 Pol / 68,58cm | 27.0 Pol / 68,58cm |
Trama de Cordas | 16×19 | 16×19 | 18×16 | 16×15 |
Largura do Aro | 21,5mm Flat | 21,5mm Flat | 23mm Flat | 18mm Flat |
Podemos verificar que a empresa tentou fabricar modelos que sejam adequados a todos os tipos de tenistas possíveis, lógico a maioria dos tenistas gostam de utilizar a cosmética de seu ídolo, agora pensem comigo, a empresa nos oferece 4 configurações de peso, mas concordam comigo que entre o primeiro modelo de 340g comparado com o segundo modelo de 315g, existem várias medidas de peso que podemos atingir se customizarmos nossas raquetes? Por exemplo, eu poderia ter uma Wilson New Pro Staff 97, que de fábrica teria 315g e adicionar mais 5 gramas em locais estratégicos para que a mesma fique com 320g, ou adicionar mais 10 gramas deixando assim a raquete com 325g e assim por diante. A vantagem de customização SOMENTE É POSSÍVEL em raquetes de pesos mais leves, pois imagine a primeira opção da raquete de Roger Federer, 340g sem cordas, como podemos adicionar peso? Quanto será o peso final de tal raquete levando em consideração de que um set de cordas, pesa aproximadamente 15g, um overgrip pesa em média 7g e um antivibrador pesa mais ou menos 3 gramas? Somando tudo isto, teríamos um peso final de 365 gramas, como podemos customizar?
Sempre com nossos clientes na PONTO DE CONTATO, tentamos convencê-los de que nas raquetes mais leves existe a possibilidade de você experimentar outros universos sem ter que trocar seu equipamento todo, é possível adicionar peso de maneira gradativa e se por acaso não gostar da nova configuração é simples retornar a configuração de fábrica. Vale lembrar aqui que sempre procure um MRT – Master Racquet Technician (Técnico Mestre em serviços de raquetes) certificado pela ERSA – European Racquet Stringers Association (Associação Européia de Encordoadores de Raquetes) (*) para realizar tal serviço, pois este sim é um profissional gabaritado e treinado para que estas modificações em sua raquete sejam feitas de maneira correta a fim de preservar a saúde e integridade de seu braço, não queremos que você se machuque tentando medidas caseiras.
Para finalizar, teste, experimente, se renda a novas possibilidades, o novo sempre vem e tenho certeza que será no mínimo uma experiência que lhe trará muito conhecimento e novos horizontes neste esporte tão fascinante que é o tênis.
(*) para saber onde encontrar um MRT certificado pela ERSA, acesse: www.ersa-latinamerica.com
Ricardo Dipold é proprietário da Ponto de Contato Tennis Shop (https://www.raquetesparatenis.com.br/), loja patrocinadora da Liga Alphaville de Tênis; tem como formação profissional o status de MRT – Master Racquet Technician certificado pela USRSA – United States Racquet Stringers Association; entidade máxima quanto a excelência de serviços em esportes de raquetes para todos os níveis. Integrante das equipes de encordoamento profissional presentes na Gillette Federer Tour, ATP Challenger Finals, Brasil e Rio Open e agora até no Master 1000 de Indian Wells e no Grand Slam Australia Open.
Crédito: Matéria anteriormente publicada em http://revistatenis.uol.com.br/artigo/raquete-leve-por-que-nao_12127.html
Essa matéria também foi publicada aqui a pedido do próprio Ricardo Dipold, autor do conteúdo, como patrocinador da Liga Alphaville de Tênis.