Saudações queridos amigos!

Se tem algo que aprendi ao longo desses anos de uma íntima e intensa relação com nosso esporte, é que o tênis vive de tendências. Tendências essas que na grande maioria das vezes vêm diretamente do circuíto profissional e acabam nas nossas raquetes. A grande diferença é que antigamente, ao tentar copiar hábitos de equipamentos dos profissionais acabávamos nos dando mal, principalmente no departamento do conforto. Hoje contudo, com um circuíto cada vez mais desgastante, conseguimos importar tendências que de fato nos trazem melhoras dentro de quadra. Seja no conforto ou na jogabilidade.

O tema que abordarei, apesar de não ser um fenômeno muito recente, é certamente a maior coqueluche do momento dos equipamentos de tênis, seja entre os profissionais ou entre os amadores: o encordoamento híbrido.

Sabendo que todos nós, tenistas, buscamos o máximo de versatilidade possível, ou seja, queremos controle, conforto, potência, firmeza, durabilidade e spin na mesma raquete (risos) e sabendo também que a corda é o motor da raquete, como sempre digo, os encordoamentos híbridos vieram para tentar ao máximo equilibrar nossas raquetes de acordo com as prioridades de cada tenista. O fato desse tipo de encordoamento poder proporcionar “um pouco de tudo”, virou uma febre entre todo o tipo de jogadores.

Para entender do que se trata, vou resumir. Assim como em um automóvel que aceita diferentes tipos de combustíveis, a raquete também passa a receber 2 tipos diferentes de “famílias” de cordas, gerando assim maior versatilidade e possibilidades aos jogadores. Se analisarmos um passado recente, somente era possível usar ou uma “corda dura” – monofilamentos, quando o tenista tinha firmeza, durabilidade e controle, mas perdia muito em potência e conforto, ou uma “corda macia” – multifilamentos -, que oferecia conforto, toque e potência, mas que perdia em firmeza, controle, etc. Essa mistura foi uma revolução e o que me chamou a atenção este ano, em que estive presente nas salas de encordoamento do Australian Open e Roland Garros, foi a quantidade de profissionais usando desse artifício, que praticamente não existia na década passada, quando trabalhei em três Brasil Open e challengers no Brasil.

Quando devo usar um encordoamento híbrido?

O universo dos híbridos é algo extremamente abrangente e cheio de possibilidades, por isso a dica PRINCIPAL que dou é: dentro do que sua raquete oferece, tenha em mente exatamente suas prioridades e pontos que deseja melhorar/ equilibrar, pois isso definirá não somente os tipos de cordas que serão misturadas nas Mains (cordas principais, ou verticais) e nas Crosses (cordas horizontais), mas também as tensões do encordoamento e drasticamente, os modelos a serem usados. Por isso é essencial, além de saber os reais objetivos, falar com um profissional que saiba interpretar essas informações em modelos corretos de cordas a serem instaladas na raquete.

Não indico encordoamentos híbridos para todos, por exemplo: Se o tenista está com algum tipo de dor (ou não), mas o foco é 100% na área do conforto, uma tripa sintética em toda a raquete sempre será mais confortável que uma híbrida, assim como um jogador que busca o máximo de firmeza, controle e durabilidade, uma corda inteira monofilamento sempre será mais firme do que uma híbrida. O que ocorre em muitos casos é o jogador ter um encordoamento inteiro monofilamento e precisar de mais conforto, sem abrir mão do controle. Nesse caso, é recomendado usar uma corda mais macia nas crosses e manter a corda “dura” nas mains. Ou em outro caso, o jogador usar corda inteira macia, mas não gostar que as cordas se movimentem durante as batidas. Assim, se altera a corda das mains para uma corda mais firme (que não se movimenta) com uma tensão um pouco mais reduzida, mantendo a corda confortável nas horizontais.

Tenistas profissionais hoje em dia, em um grande número, aderiram às cordas híbridas pois em um jogo tão rápido e exigente foram forçados a manter um controle e firmeza altos, mas se preocupando em combater lesões e também em ter mais versatilidade em seu jogo. Feras como Federer, Tsonga, Djokovic, Murray, Kerber, irmãs Williams e tantos outros usam. Federer, por exemplo, troca as posições das cordas de acordo com seu objetivo. Nadal, por exemplo, não usa híbrida, isso pelo fato de a raquete dele soltar bem a bola e ser menos exigente, o obrigando (e permitindo) a manter uma corda de maior controle inteira em sua raquete. Por isso, digo que cada caso é um caso e está diretamente relacionado à singularidade de cada jogador.

O que é mais incomum, mas também acontece, é a união de duas cordas diferentes da mesma família, mas com focos diferentes (por exemplo, 2 tipos ou espessuras diferentes de cordas monofilamento ou multifilamento) serem usadas no mesmo encordoamento, oferecendo um outro tipo de sensação. Existem também híbridos que favorecem o spin, e por aí vai.

Posso garantir é que as possibilidades são praticamente infinitas e conversando com um profissional que entenda as prioridades e particularidades de cada jogador, certamente encontrará um kit de cordas + tensões que seja do seu agrado. Os testes são sempre muito válidos e tenho convicção que assim como os tenistas profissionais, nós podemos otimizar muito nosso arsenal de equipamentos, consequentemente nosso rendimento em quadra, testando encordoamentos híbridos em nossas raquetes. E então, o que está esperando?

Grande abraço e até a próxima.

Fabrizio Tivolli foi o encordoador oficial do Brasil Open; atuando também em torneios estaduais e brasileiros. Formado em encordoamento e análise técnica de raquetes por Lucién Nogues na convenção Babolat. É técnico e consultor de equipamentos tenísticos; encordoador e proprietário da Tivolli Sports (http://raquetemania.com.br); de Alphaville – loja patrocinadora da Liga Alphaville de Tênis. Escreve sobre equipamentos também para a Federação Paulista.

Crédito: Matéria anteriormente publicada em http://tenisbrasil.uol.com.br/instrucao/236/Encordoamento-hibrido-por-que-usalo/

Essa matéria também foi publicada aqui a pedido do próprio Fabrizio Tivolli, autor do conteúdo, como patrocinador da Liga Alphaville de Tênis.

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