Olá pessoal. Vamos falar hoje sobre um fator que, em minha opinião, é um dos mais importantes a ser levado em conta quanto à escolha correta de corda para sua raquete. Muitas vezes passa despercebido e até é desvalorizada por muitos tenistas: a espessura das cordas de tênis.

Muitas vezes as pessoas chegam em nossa loja e escolhem a corda por diversas características que conhecem. Mas raramente dão a merecida importância à espessura mais indicada para sua característica de jogo.

Vamos trabalhar aqui com dois perfis de jogadores:

– Primeiro, um jogador recreativo: entenda-se como jogador recreativo não só aquele que joga o tênis com os amigos em seu clube/academia uma ou duas vezes por semana, mas também aqueles que durante o ano participam de alguns torneios regionais ou federados, chegando a quebrar suas cordas em um período de aproximadamente 30 a 60 dias ou até mesmo não quebrando nenhuma.

– O segundo, um jogador competitivo ou que treina para alto rendimento, que quebra muitas cordas em curto período de tempo, chegando a quebrá-las entre dois e sete dias no máximo.

Bom, antes de tudo, gostaria de dizer que pela USRSA (United States Racquet Stringers Association – Associação Norte-americana de Encordoadores), entidade máxima e regulamentadora de excelência nos serviços de raquetes, não é recomendado ao tenista deixar as cordas quebrarem. Segundo estudos realizados, de acordo com o nível de stress que sofre enquanto é utilizada, a corda de um tenista amador, recreativo, deve ser trocada em média a cada 20 ou 30 horas de jogo. Ou seja, se você foi ao clube, ficou 3 horas no clube e nessas 3 horas jogou duas e descansou por uma hora, deve se considerar 2 horas de jogo, sobrando assim 28 horas de vida útil. Se este tenista faz isso duas vezes por semana, ele nesta semana utilizou 4 horas de seu encordoamento e proporcionalmente sua corda deve ser trocada a cada sete semanas (40 ou 50 dias).

Por que estou falando sobre tempo de vida de uma corda, se o assunto aqui é espessura? É porque o fator durabilidade às vezes é um quesito tão valorizado pelo atleta que o tenista simplesmente deleta de sua mente que há outros fatores tão importantes (ou até mais importantes) quanto a durabilidade da corda.

Deve se analisar alguns quesitos ao escolher a sua corda:

– Potência: É a capacidade elástica da corda; quanto maior esse valor, mais potência essa corda proporcionará.

– Conforto: A maciez que a corda proporciona. Quanto mais flexível, mas confortável; quanto mais rígida, menos confortável ela é. Este é um quesito muito importante, pois algumas vezes as pessoas dizem que determinada raquete é dura, é um pedaço de “pau” e a raquete é uma das mais flexíveis do mercado. Na verdade, o que a deixou dura foi a escolha da corda errada.

Controle/Capacidade de gerar efeitos – spin: neste quesito, analisamos o quanto esta corda pode “agarrar ou penetrar” no feltro da bola, durante o impacto entre bola e cordas. Quanto mais atrito gerado entre a corda e a bola, maior é a geração de spin (efeito), como no caso do top spin, que é um dos tipos de freio no jogo, fazendo a bola descer mais rapidamente para o solo.

– Sensibilidade/Toque: é a capacidade que a corda tem de lhe transmitir a sensação de peso da bola, o tempo de contato da bola com as cordas. Sensibilidade/ toque é responsável por você ter a sensação de que a raquete realmente é continuação do seu braço e também de lhe transmitir uma maior sensibilidade durante o ponto de contato.

– Durabilidade: o tempo de vida útil da corda quanto a suas características de elasticidade, flexibilidade, rigidez, abrasão e rompimento.

Agora vamos aplicar nestes quesitos os dois perfis de tenistas que citei acima:

O primeiro jogador, o recreativo, certamente é o que mais pode se beneficiar da combinação destes quesitos, pois este tipo de tenista pode escolher entre potência, conforto, controle/capacidade de gerar efeitos – spin – e sensibilidade em troca da durabilidade. O motivo é o fato de não estourar muitas cordas. Assim, na maioria das vezes, passa mais de 20 ou 30 horas com o mesmo encordoamento na raquete. Este atleta pode perfeitamente abdicar das cordas mais grossas, que são indicadas para durabilidade, e utilizar cordas mais finas, que deixarão mais vivos os quesitos de potência, conforto, controle/capacidade de gerar efeitos e sensibilidade.

O segundo jogador, que estoura muitas cordas, proporciona tanto stress ao encordoamento durante os golpes, que não permite às cordas completarem as 20 ou 30 horas de jogo, rompendo-as bem antes. Estes necessitam deixar de lado alguns dos quesitos acima e devem avaliar com carinho quanto à escolha de uma corda com maior durabilidade. Neste caso, é possível combinar alguns dos quesitos, como durabilidade associada a controle/capacidade de gerar efeitos – Spin através de cordas texturizadas ou torcidas, com menos capacidade elástica, o que consequentemente diminui a possibilidade de obter potência e conforto.

Segue um resumo do que acontece quando utilizamos cordas finas para cada quesito:

Potência – quanto mais fina a corda, maior é sua capacidade elástica, que é o efeito estilingue no momento em que bola está em contato com as cordas, deslocando-as para trás e retornando-as com mais velocidade para frente, assim gerando maior velocidade de bola.

Conforto – mesmo em co-polímeros, o conforto está presente nas cordas finas. Lógico, não se compara ao conforto de uma corda de multifilamentos, mas os co-polimeros mais finos, com espessuras de 1,15mm a 1,22 mm, proporcionam uma fiel sensação de conforto a cada golpe, aliado a uma durabilidade maior do que um multifilamento, mesmo os multifilamentos sendo mais grossos, com espessuras aproximadas de 1,25 mm a 1,30mm.

Controle/ Capacidade de gerar efeitos – Spin – este é um quesito muito importante, pois quanto mais fina a corda, mais ela penetra no feltro da bola e  quanto mais a corda penetra no feltro, mais efeito vamos obter. A corda “enroscando” no feltro da bola é responsável pelo efeito que vamos gerar. Por isso, o sucesso de cordas texturizadas no mercado atual. As cordas mais finas fazem este trabalho tão bem (e muitas vezes até melhor) que as cordas texturizadas.

Sensibilidade – As cordas mais finas proporcionam uma sensibilidade muito alta, oferecendo aos tenistas mais sensitivos maior precisão nos golpes curtos como deixadinhas, golpes de aproximação à rede e voleios.

Durabilidade – É necessária, é desejável, desde que não atrapalhe os demais quesitos. Deve ser avaliado com carinho o quanto de durabilidade escolheremos, para não desequilibrar a equação. Na próxima matéria, vamos passar uma receita de como os jogadores competitivos podem utilizar cordas finas em sua raquete e, mesmo assim, obter durabilidade maior ou no mínimo igual às cordas grossas que utilizam hoje em dia e se beneficiar de mais quesitos que não só o de durabilidade.

As espessuras de cordas são:

ESPESSURA MILÍMETROS

Grossas: 1,28 mm à 1,40 mm

Médias: 1,23 mm à 1,27 mm

Finas: 1,15 mm à 1,22 mm

Curiosidade: existem hoje cordas com espessura de 1,10mm, com núcleo de Kevlar para melhorar a durabilidade e proporcionar a qualidade de uma corda fina.

Sugestão: teste, experimente, tente no seu próximo encordoamento utilizar uma corda mais fina. O pior que pode acontecer é você não gostar e voltar a ter seu encordoamento normal.

Qualquer dúvida quanto à configuração correta e quais as cordas finas disponíveis no mercado, é só entrar em contato conosco que teremos o maior prazer em ajudá-los a esclarecer as dúvidas.

Ricardo Dipold é proprietário da Ponto de Contato Tennis Shop (https://www.raquetesparatenis.com.br/), loja patrocinadora da Liga Alphaville de Tênis; tem como formação profissional o status de MRT – Master Racquet Technician certificado pela USRSA – United States Racquet Stringers Association; entidade máxima quanto a excelência de serviços em esportes de raquetes para todos os níveis. Integrante das equipes de encordoamento profissional presentes na Gillette Federer Tour, ATP Challenger Finals, Brasil e Rio Open e agora Australia Open.

Crédito: Matéria anteriormente publicada em

“http://tenisbrasil.uol.com.br/instrucao/117/Espessura-de-cordas-um-item-a-ser-valorizado–/”

Essa matéria também foi publicada aqui a pedido do próprio Ricardo Dipold, autor do conteúdo, como patrocinador da Liga Alphaville de Tênis.

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