Fabrizio, quero um encordoamento e/ou raquete que faça minha bola andar mais.” Esta é talvez uma das frases que mais escutei ao longo de quase duas décadas em contato com os mais variados níveis de tenistas! Como ultimamente isso tem acontecido com maior frequência, passei a tentar entender o que o jogador está realmente buscando. A resposta, além de ter um certo grau de complexidade, não é uma verdade universal e, sim, uma adaptação para cada jogador.
Sabemos que o tênis está cada vez mais rápido e o jogador (profissional e amador) que conseguir maximizar o aproveitamento do tempo que tem desde quando a bola sai da raquete do seu adversário até que saia da sua, leva larga vantagem em uma partida. Os equipamentos têm uma grande contribuição nessa equação para que você possa ter mais ou menos sucesso, pois você poderá ter uma combinação de raquete/corda/tensão que poderá ajudar ou prejudicar com que use a força de seu adversário em um contra-ataque ou que possa imprimir com eficiência seu golpe mais agressivo, quando o adversário joga defensivamente.
A primeira pergunta que disparo ao tenista é o que, de fato, ele busca: se ele quer uma combinação que o ajude a ter menor esforço físico para que a bola passe da rede e chegue ao fundo com maior facilidade; ou se ele quer uma combinação que o ajude a ter mais peso de bola, ou seja, que possa ter mais agressividade em seus golpes, na hora de tomar as rédeas do ponto e imprimir velocidade. Como iremos notar, “soltar a bola” e gerar “peso de bola” são duas características bem distintas e o tenista deve ter ciência de qual caminho seguir.
Equipamentos para soltar a bola: Existem no mercado diversos itens que ajudam o tenista a fazer menor esforço físico e que conseguir gerar potência na batida (usando também a força do adversário), para que a bola passe da rede e chegue ao fundo com maior facilidade. Pense em uma trajetória da bola percorrendo por completo um ângulo de 180 graus. Ela chegará ao fundo, mas não de maneira agressiva. Equipamentos que ajudam essa necessidade encaixam-se em tenistas que não têm batida forte e/ou swing completo, em geral, suprem a necessidade de força para ajudar o jogador a colocar a bola do outro lado com maior facilidade.
Pense em um jogador nesse estilo, que tenha uma raquete/corda que segurem a bola? Incompatível, certo? Além de ser incompatível, poderão resultar em uma série de dores. Em geral, jogadores mais defensivos ou que tenham movimento de curto para médio se darão melhor com uma raquete mais leve, com maior peso na cabeça (para impulsionar o braço e consequentemente a batida) e com cordas mais elásticas (não necessariamente com pouca tensão).
Também por esses motivos, raquetes mais recreacionais quase sempre não serão demasiadamente pesadas e quase sempre terão peso na cabeça, pois o iniciante não terá o swing para uma raquete mais pesada e que controla a bola. Se o seu caso for esse, recomendo raquetes de até no máximo 280 gramas e se sua bola estiver quicando muito antes do fundo, aconselho usar uma raquete com maior peso na cabeça e encordoamentos que afundem mais a bola. São recomendadas cordas multifilamentos (tripas sintéticas) com uma tensão um pouco mais alta ou monofilamentos (co-polímeros) com tensões mais baixas.
EQUIPAMENTOS PARA COLOCAR PESO NA BOLA
Ao contrário do abordado acima, quando o tenista gosta de ditar as regras do ponto e imprimir velocidade nas batidas (principalmente nos winners), deverá buscar um equipamento que ofereça maior controle. Obviamente quanto maior o controle mais seu equipamento segurará a bola e dependerá do jogador soltar o braço para fazer a bola andar, usando uma raquete com maior peso.
Quanto maior a massa do corpo em contato com a bola, maior o peso da batida (de preferência peso voltado para o cabo) combinada com uma batida forte e swing longo. Sem estes, de nada adianta uma raquete mais pesada. O jogador terá o máximo de agressividade em sua batida, assim, mandando uma bola que chegue do outro lado com peso. Claro que isso não é tão fácil, pois esse é o perfil dos profissionais!
Em comparação com o perfil citado no parágrafo anterior, se um tenista tem swing longo e bate forte na bola, se usa um equipamento que também solte a bola, terá que ter um controle e tempo de bola absurdo! Caso contrário as bolas terão grande chance de parar na tela. Justamente por isso, para buscar o máximo de potência e controle, as empresas do tênis têm investido em raquetes/cordas que proporcionem o MÁXIMO de spin, pois quanto maior o efeito que o tenista puder colocar, mais forte e com mais controle seus golpes chegarão na quadra adversária. Para esse perfil, sugiro raquetes com mais de 300 gramas e distribuição de peso equilibrada para peso no cabo; cordas híbridas com tensão pelo menos na média do indicado pelo fabricante também poderão ajudar, além, é claro, de customização da raquete com pesos.
Importante: é comum ver tenistas que precisem de equipamentos que soltem mais a bola usar equipamentos que seguram mais a bola e vice-versa. Essa incompatibilidade, além de resultar na falta de evolução no próprio jogo, tem grande possibilidade de lesões. Por isso, é fundamental conversar com seu técnico ou professor a fim de saber qual seu estilo de batida/swing e depois conversar conosco, técnicos em equipamentos, para chegar a um denominador comum. Do mesmo jeito que um jogador que precisa gerar força através do equipamento pode se lesionar quando usa uma raquete mais pesada, um tenista que bate muito forte poderá ter dores jogando com raquetes muito leves, pois colocar peso de bola com raquetes mais leves dá a impressão (acertada) de que o tenista tem de fazer muita força para fazer a bola andar. Nos dois casos, movimentos incompatíveis com os equipamentos resultarão em maiores vibrações para o braço.
Acredito que o principal é a conversa com seu professor e principalmente com um técnico em raquetes/encordoamentos. É imprescindível que venha à loja com seu equipamento atual e uma noção de estilo de batida que tem e o que gostaria de mudar. E o principal entre os principais: teste 2 ou 3 configurações diferentes, combinando cordas/tensões diferentes, balanceamento com fitas de chumbo (minha loja é uma das poucas no Brasil com uma máquina digital de balanceamento de raquetes) e, se for o caso, troque de raquete. Mas é muito válido buscar inovações pois certamente poderão trazer resultados surpreendentes dentro de quadra.
Grande abraço e até a próxima!
Fabrizio Tivolli foi o encordoador oficial do Brasil Open; atuando também em torneios estaduais e brasileiros. Formado em encordoamento e análise técnica de raquetes por Lucién Nogues na convenção Babolat. É técnico e consultor de equipamentos tenísticos; encordoador e proprietário da Tivolli Sports (http://raquetemania.com.br); de Alphaville – loja patrocinadora da Liga Alphaville de Tênis. Escreve sobre equipamentos também para a Federação Paulista.
Crédito: Matéria anteriormente publicada em http://tenisbrasil.uol.com.br/instrucao/168/Saiba-como-fazer-sua-bola-andar-mais/
Essa matéria também foi publicada aqui a pedido do próprio Fabrizio Tivolli, autor do conteúdo, como patrocinador da Liga Alphaville de Tênis.