O ranking do ATC (Alphaville Tênis Clube) sempre foi um tanto chato para eu jogar. Os motivos são dois: eu jogo na categoria D, a porta de entrada para todo mundo que entra no ranking, então mistura todo tipo de nível. Sou iniciante, muitas vezes jogo com caras experientes e acabo tomando um couro. Nada pior do que entrar em uma partida com nenhuma chance de ganhar, e mais, a maioria das pessoas que frequentam o clube são um tanto quanto “fechadas”.

A monotonia acabou em uma edição que fui de bye, nem olhei a chave. Na outra semana fui chamado, pelo whats, por uma pessoa com um português quase correto (ela é gringa) para jogar pelo ranking do ATC, era a Gilda. Perguntei: “Mas você é mulher?” Ela disse: “Sim!” Brinquei: “É demais para mim ser humilhado dessa forma! Rs.”

Pensei com meus botões: “se essa mina se inscreveu no masculino vai botar para ferrar!” Lá fui eu disputar no dia e hora marcada. Fiquei meio constrangido no começo, não sabia se sentava a porrada ou não. Se arrependimento matasse… Já comecei perdendo para variar! Fui me soltando, forçando o jogo, só que ela tinha muito mais perna que eu. Lógico, eu estava uma baleia de 130 kg! Desconfio que se estivesse magro perderia também. Nem lembro o placar, mas me ferrei! De pneu não foi, juro. Rs.

Terminou o jogo e eu precisava entrevistar a moça para saber a origem do meu algoz. Ela era atleta olímpica de salto no Peru. Disse que se inscreveu no masculino porque não conhecia mulher para jogar e só treinava com o marido.  Tive uma ideia brilhante: convidá-la para jogar a LAT e enfrentar os homens! Isso criou uma polêmica, não vou discorrer sobre isso para não gerar mais polêmica ainda, mas foi decidido que ela não jogaria no masculino. Assim, nasceu a LAT Feminina, criada e administrada pelo incrível Fernando Dubus.

Mudando de assunto. Não tenho problema nenhum em perder para mulher, sempre admirei mulheres fortes. Acho que mulher submissa é coisa do passado, a revolução feminista foi algo benéfico. Sabemos que a mulher moderna quer trabalhar bastante, mas ter a segurança de um provedor. Não digo meio a meio, mas talvez em uma proporção mais equivalente, ter poder e reger a família com direitos iguais. Eu mesmo. Se não tivesse a minha para contribuir estaria ferrado. Obrigado amor. Rs.

Também achei interessante observar que no geral as meninas possuem mais pudor para competir e pensam duas vezes antes de entrar. Gostaria de entender porque. Talvez prefiram esportes de equipe em que a responsa pese menos. Sei lá.  Só Froid para explicar. Depois que entram dificilmente querem sair. É um meio social e para manter a forma também né. Que eu saiba mulheres adoram isso. Rs. A LAT Feminina continua evoluindo a passos de tartaruga se comparado com o masculino. Isso tem a parte boa. As pessoas se conhecem melhor. E o torneio se torna mais caseiro e friendly.

Mais tarde mudei para o Tamboré seis e o meu… rsss, quero dizer, minha principal parceira de treinos é uma mulher, a Babi (Barbara Massari, também moradora do T6 e amigona da minha esposa). A multi campeã do LAT que me dá couro atrás de couro. Que virou referência e a mulher a ser batida no LAT feminino. Invicta (puxa saquismo para justificar as derrotas). Ela fala: “Zé, se concentra!” E vai me dando toques. Sabe como é né, mente forte (oposto de MF, gíria que significa Mente Fraca rs). Campeã! Fico zoando, falo: “Você parece um macho jogando! ”. Ela dá risada. E saca mais forte. Não tenho dúvida que ela ganharia de metade do LAT masculino e da maior parte que me zoa porque treino com ela.

Homens são babacas. Abs.

*mente fraca é o que te faz perder o ponto quando a responsabilidade pesa nos pontos chaves. Tipo na hora de fechar o jogo sacando no 5×4.

José Eduardo Soares Filho é Dentista. Não é tenista.

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