Muitas vezes, ou quase todas as vezes, quando assistimos a um jogo de tênis, esperamos ver jogadas com um desfecho de uma bola vencedora (winner) de direita (forehand), uma bola vencedora de esquerda (backhand), uma bola curta inalcançável ou alguma jogada espetacular. Porém, o tênis é um esporte complexo que vai muito além do que podemos ver, exige uma combinação das capacidades físicas, técnicas, táticas e mentais. Devido a esta combinação, costumo dizer que o tênis é um jogo de xadrez em movimento, onde aproximadamente 80% do tempo total de uma partida não é jogado com a bola e sim com a “cabeça”.

Dentro dessas exigências táticas e mentais, encontramos o que eu chamo de “armas ocultas do tênis”, tais como: autoconfiança, determinação, força de vontade, concentração, saber lidar com a frustração, leitura adequada do ambiente, tomada de decisão correta, controle emocional (ansiedade, raiva etc.), antecipação, automotivação, auto verbalização, resistência psíquica, capacidade de esquecer golpes errados e pontos perdidos, percepção do sucesso ou fracasso, capacidade de jogar bem os pontos importantes e manutenção de um bom nível de jogo durante toda partida, dentre outras. Essas armas são pouco valorizadas pela maioria dos espectadores, porém são tão determinantes para o resultado de uma partida quanto uma boa direita ou um saque potente.

São essas armas que levam muitos jogadores ditos mais fracos que os outros a ganharem jogos inesperados. Um ótimo exemplo foi a semifinal feminina do US Open 2015, quando a americana Serena Williams, número um do mundo e detentora dos golpes mais potentes da história do tênis feminino, foi eliminada por 6/2 4/6 4/6 pela italiana Roberta Vinci, que na ocasião utilizou-se da maioria das “armas ocultas do tênis”. Sendo assim, deixo a seguinte pergunta: o que é mais importante no tênis, uma direita potente ou autoconfiança? Uma esquerda matadora ou uma concentração que dure toda partida? Um saque veloz ou jogar bem os pontos importantes?

Além de importante, as “armas ocultas do tênis” são extremamente treináveis. Se investimos tanto do nosso tempo treinando os golpes de rede e os golpes de fundo de quadra, porque não treinar outras armas que também serão úteis dentro da quadra durante uma partida?

Nos próximos artigos falarei um pouco mais sobre cada uma das “armas ocultas do tênis” e darei algumas dicas práticas de como treiná-las. Até lá!

André Grigoletto é proprietário e treinador da Academia 40 Zero, parceira da Liga Alphaville de Tênis, Graduado em Esporte pela Universidade de São Paulo – USP, Pós-graduado em Fisiologia e Biomecânica do Aparelho Locomotor: Reabilitação e Treinamento pelo Instituto de Ortopedia e Traumatologia da Faculdade de Medicina – USP

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