Sabemos que nos últimos anos, o avanço de tecnologia das cordas aliado à melhora no nível de informação de encordoadores especializados foi proporcionalmente maior do que o avanço da tecnologia das raquetes. Não que as inovações nas raquetes tenham estagnado totalmente, mas certamente o maior avanço no mundo dos equipamentos está no encordoamento.
Hoje, temos uma infinidade consideravelmente maior de cordas, com as maiores variáveis possíveis e ao contrário do passado, quando se usava apenas uma determinada corda e tensão na raquete, os encordoamentos híbridos – que utiliza cordas diferentes no mesmo encordoamento – vieram para revolucionar a jogabilidade do nosso esporte.
Contudo, mais um paradigma foi quebrado: até pouco tempo atrás, a maioria esmagadora dos que usavam encordoamentos híbridos mesclava uma corda macia (multifilamento) com uma corda mais firme (monofilamento) de acordo com sua necessidade. Hoje, além dessa configuração “tradicional”, também sabemos que podemos mesclar diferentes tipos de cordas da mesma família a fim de chegar em certo resultado desejado.
Em um híbrido convencional, talvez o objetivo principal seja um meio termo entre conforto e controle. O que muitos tenistas têm feito (profissionais e amadores) é mesclar diferentes cordas monofilamento (co-polímeros) em diferentes posições, com foco em maximizar o spin. Na minha opinião, hoje o spin comanda o jogo, por isso as marcas têm investido tanto em raquetes e cordas que melhorem esse estilo de batida.
Descobriu-se que mesclando dois tipos de monofilamentos diferentes, em geral um bem liso e outro voltado para spin (rugoso ou com quinas), aumenta o “snap-back”, que nada mais é do que o atrito de uma corda na outra em contato com a bola: quanto maior o efeito deslizante (snap back), maior o spin.
Mas se não trata apenas disso. Você poderá modificar consideravelmente a durabilidade, sensação da batida (feel), controle e outras características importantes de jogo alterando tipos distintos de cordas em monofilamento, o que, repito, era algo pouco imaginável tempo atrás! Alguns tenistas profissionais que utilizam desse método são Pablo Cuevas e Casper Ruud.
Conforme falado anteriormente, as combinações de materiais, formatos, espessuras e tensionamento das cordas são praticamente infinitas e todas elas causam resultados diferentes quando comparadas com modelos distintos de raquetes! Se sua cabeça já entrou em “tilt” por não saber por onde começar, fique tranquilo! É mais fácil do que parece. Diria que basta se definir onde se quer chegar e/ou uma deficiência a ser melhorada em sua percepção de batida e um bom papo com um encordoador especializado. Assim, você certamente terá um bom ponto de partida para iniciar seus testes. Tudo isso ao nosso alcance devido à tecnologia das cordas e ao conhecimento técnico de muitos dos encordoadores especializados ter evoluído muito em pouco tempo.
Obviamente, os encordoamentos híbridos expandem muito o leque de opções e versatilidade de seu jogo, mas não são uma unanimidade! Muitas vezes, apenas um tipo de corda será mais indicado para o objetivo de determinados tenistas, como uma corda inteira monofilamento ou inteira multifilamento. Por exemplo, no circuito profissional ATP ou WTA, você verá tenistas usando apenas um tipo de corda, como exemplo Rafael Nadal, Fábio Fognini ou Albert Ramos, que usam monofilamento em toda a raquete, entre outras coisas, pelo modelo de raquete que ele usa gerar bastante potência e ele precisar mesclar com uma corda mais firme. Já tenistas com raquetes que seguram mais a bola podem preferir uma configuração que seja mais macia (tripa natural/monofilamento) como grande parte dos tenistas top (Roger Federer, Serena Williams, Novak Djokovic), que ainda assim podem variar a posição a ser usada em cada modelo de corda.
Como sempre digo, a corda é o motor da raquete e mais do que nunca afirmo que de fato é! Como já foi abordado em outras matérias desta coluna, também existem variações no mesmo encordoamento de tensões, espessuras, entre outras, e cada uma se comporta de uma maneira diferente em raquetes diferentes.
Minha dica (como sempre) é diálogo e teste. Certamente as diferenças serão, quem sabe, para melhor e é o degrau que falta para atingir o seu próximo nível no tênis? Use e abuse dos encordoamentos híbridos (de acordo com suas prioridades) e sinta na prática as mudanças que poderão trazer!
Grande abraço e até a próxima.
Crédito: Matéria anteriormente publicada em https://tenisbrasil.uol.com.br/instrucao/246/Tire-o-maximo-da-raquete-com-encordoamento-hibrido/
Autorizada por Fabrizio Tivolli, autor do conteúdo e patrocinador da Liga Alphaville de Tênis.
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